Nos últimos meses a postagem sobre a vacina contra a febre amarela tem sido uma das mais visualizadas aqui no blog - sem falar dos e-mails que recebemos com muitas dúvidas sobre as áreas onde há mosquitos e epidemias. O assunto é sério pessoal! E às vezes ouvimos relatos de viagens que não acabam bem... Em dezembro de 2011 a diplomata Milena Medeiros faleceu em decorrência de malária contraída na África. Um exemplo que mostra como estamos vulneráveis e devemos seguir as orientações para prevenir doenças como esta.
Viajar é um prazer, sem dúvida, mas também devemos pensar nos aspectos práticos da viagem quando se trata da nossa saúde. Tão importante quanto organizar a mala é levar na bagagem a informação que pode evitar maiores danos físicos. Portanto, vamos falar um pouco sobre a Medicina de Viagem para orientar os leitores não apenas com relação à vacina, mas também sobre outros cuidados que devemos tomar para realizar uma viagem tranquila.
O que é a Medicina de Viagem?
Uma especialidade da medicina cujo objetivo é reduzir os riscos de morbidade e mortalidade associados à viagem, criando uma conscientização dos viajantes e promovendo o uso de medidas preventivas. A vacinação é uma das principais dúvidas observadas na consulta de orientação, entretanto, vacinas não são o único assunto! Informações atualizadas em tempo real sobre a ocorrência de surtos e epidemias no mundo são fundamentais para uma orientação adequada ao viajante.
Há quanto tempo ela existe oficialmente?
A Medicina de Viagem existe na Europa, América do Norte e Austrália já há algumas décadas. Era tratada inicialmente de uma maneira informal dentro dos serviços de Medicina Tropical, mas evoluiu ao longo dos anos para os serviços especializados existentes hoje em dia. Em 1990 foi criada a Sociedade Internacional de Medicina de Viagem (ISTM). Três anos depois surgiu a Sociedade Francesade Medicina de Viagem. Posteriormente outros países criaram suas sociedades e departamentos específicos. Mais recentemente, em 2004, foi criada a Sociedad Latino Americana de Medicina del Viajero (SLAMVI), o que demonstra a importância e a organização dos praticantes desta nova área de atuação médica em várias regiões do mundo.
Existe Medicina de Viagem no Brasil?
Sim. No Brasil, o primeiro serviço de Medicina de Viagem - o Centro de Informação em Saúde para Viajantes (Cives) - foi criado em março de 1997 por iniciativa de alguns professores da Faculdade de Medicina da UFRJ. Posteriormente, em São Paulo, foram criados dois novos serviços: o primeiro no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, e o seguinte no Hospital das Clínicas da USP. Em dezembro de 2001, durante o Congresso Brasileiro de Infectologia, no Rio de Janeiro, realizou-se a primeira mesa redonda sobre o tema no Brasil. Hoje em dia, outras capitais brasileiras também têm clínicas particulares especializadas ou setores especializados em Medicina de Viagem dentro de instituições públicas. Uma década após o surgimento do Cives foi criada a Sociedade Brasileira de Medicina de Viagem, em dezembro de 2008.
Como é realizado o atendimento?
Consiste de uma consulta médica antes da viagem, momento que o médico dá informações sobre a forma de transmissão de doenças e como evitá-las. Nesta fase a orientação aborda as enfermidades mais comuns entre viajantes, como as doenças veiculadas pela água e alimentos (diarréia do viajante, febre tifóide, poliomielite e parasitoses intestinais); as doenças transmitidas por vetores (malária, febre amarela, dengue entre outras); as que podem ser adquiridas a partir da exposição ao meio ambiente como a doença das altitudes; e doenças transmitidas a partir da exposição a animais (como a raiva, considerada um problema de saúde pública na Índia e na China).
Outro importante momento da assistência em medicina de viagem é a atenção dada ao viajante que retorna doente. As síndromes febris representam a principal queixa dos viajantes, sendo a malária a principal causa de febre entre aqueles que retornam da África subsaariana e América Central. A diarréia, as doenças respiratórias e as lesões de pele também ocupam lugar de destaque entre as enfermidades contraídas.
Com quanto tempo de antecedência da viagem deve-se procurar o médico?
O quanto antes se a data da sua viagem já está marcada. Se o seu roteiro inclui países onde há obrigatoriedade de vacinas ou cidades onde há pouca infraestrutura sanitária, não deixe de consultar um médico especialista antes de viajar. Além disso, determinadas práticas esportivas radicais em locais de difícil acesso também merecem atenção por parte do viajante, que deve estar com seu check up médico em dia. Um especialista poderá avaliar suas condições físicas e orientá-lo a tomar certos cuidados de acordo com suas características e necessidades.
Conselhos básicos:
Água para beber só a mineral, principalmente em países onde o tratamento da mesma é precário. Lembre-se que isso inclui não colocar gelo nas suas bebidas. Pastilhas purificadoras são fáceis de levar na mala em caso de ter que usar água não potável para a sua higiene bucal ou para lavar frutas, por exemplo. Procure comer alimentos bem cozidos e evite comidas de procedência duvidosa. Evite alimentos crus, e evite também maioneses e molhos no calor, mesmo que você esteja em restaurantes aparentemente higiênicos. Se você faz uso frequente de medicamentos leve sempre as receitas caso venha a precisar de algum deles (em alguns países não são vendidos sem receitas médicas). Informe-se corretamente sobre o clima e altitude das cidades a serem visitadas e mantenha sua temperatura corporal usando roupas térmicas apropriadas para o frio. Finalmente: faça sempre um seguro de viagem.
Mas, e a vacina contra a febre amarela?
Fundamental para quem vai viajar para áreas de risco, como a Amazônia, a vacina é a antiamarílica, na dose de 0,5 ml por via subcutânea, com aplicação de reforço a cada 10 anos. A aplicação não é recomendada para gestantes e portadores de imunodeficiência, inclusive portadores de HIV. Em São Paulo, por exemplo, recomenda-se que toda pessoa que entre ou saia do estado faça a vacina, embora a doença tenha maior incidência apenas na região amazônica. Além disso, o uso de repelentes, telas nas janelas e mosquiteiros é recomendado para quem viaja para estas regiões como forma de prevenção.
Clique aqui para ver os endereços dos Centros de Orientação para a Saúde do Viajante da ANVISA, onde você poderá tomar a vacina no Brasil. Antes de procurar um posto de saúde, vale a pena dar uma lida neste artigo publicado no blog Viaje na Viagem com dicas ótimas.
Fontes
"Medicina de Viagem: uma nova área de atuação para o especialista em Doenças Infecciosas e Parasitárias" in Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 36(4): 539-540, jul-ago, 2003.
Atualizado hoje.
Viajar é um prazer, sem dúvida, mas também devemos pensar nos aspectos práticos da viagem quando se trata da nossa saúde. Tão importante quanto organizar a mala é levar na bagagem a informação que pode evitar maiores danos físicos. Portanto, vamos falar um pouco sobre a Medicina de Viagem para orientar os leitores não apenas com relação à vacina, mas também sobre outros cuidados que devemos tomar para realizar uma viagem tranquila.
O que é a Medicina de Viagem?
Uma especialidade da medicina cujo objetivo é reduzir os riscos de morbidade e mortalidade associados à viagem, criando uma conscientização dos viajantes e promovendo o uso de medidas preventivas. A vacinação é uma das principais dúvidas observadas na consulta de orientação, entretanto, vacinas não são o único assunto! Informações atualizadas em tempo real sobre a ocorrência de surtos e epidemias no mundo são fundamentais para uma orientação adequada ao viajante.
Há quanto tempo ela existe oficialmente?
A Medicina de Viagem existe na Europa, América do Norte e Austrália já há algumas décadas. Era tratada inicialmente de uma maneira informal dentro dos serviços de Medicina Tropical, mas evoluiu ao longo dos anos para os serviços especializados existentes hoje em dia. Em 1990 foi criada a Sociedade Internacional de Medicina de Viagem (ISTM). Três anos depois surgiu a Sociedade Francesade Medicina de Viagem. Posteriormente outros países criaram suas sociedades e departamentos específicos. Mais recentemente, em 2004, foi criada a Sociedad Latino Americana de Medicina del Viajero (SLAMVI), o que demonstra a importância e a organização dos praticantes desta nova área de atuação médica em várias regiões do mundo.
Existe Medicina de Viagem no Brasil?
Sim. No Brasil, o primeiro serviço de Medicina de Viagem - o Centro de Informação em Saúde para Viajantes (Cives) - foi criado em março de 1997 por iniciativa de alguns professores da Faculdade de Medicina da UFRJ. Posteriormente, em São Paulo, foram criados dois novos serviços: o primeiro no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, e o seguinte no Hospital das Clínicas da USP. Em dezembro de 2001, durante o Congresso Brasileiro de Infectologia, no Rio de Janeiro, realizou-se a primeira mesa redonda sobre o tema no Brasil. Hoje em dia, outras capitais brasileiras também têm clínicas particulares especializadas ou setores especializados em Medicina de Viagem dentro de instituições públicas. Uma década após o surgimento do Cives foi criada a Sociedade Brasileira de Medicina de Viagem, em dezembro de 2008.
Como é realizado o atendimento?
Consiste de uma consulta médica antes da viagem, momento que o médico dá informações sobre a forma de transmissão de doenças e como evitá-las. Nesta fase a orientação aborda as enfermidades mais comuns entre viajantes, como as doenças veiculadas pela água e alimentos (diarréia do viajante, febre tifóide, poliomielite e parasitoses intestinais); as doenças transmitidas por vetores (malária, febre amarela, dengue entre outras); as que podem ser adquiridas a partir da exposição ao meio ambiente como a doença das altitudes; e doenças transmitidas a partir da exposição a animais (como a raiva, considerada um problema de saúde pública na Índia e na China).
Outro importante momento da assistência em medicina de viagem é a atenção dada ao viajante que retorna doente. As síndromes febris representam a principal queixa dos viajantes, sendo a malária a principal causa de febre entre aqueles que retornam da África subsaariana e América Central. A diarréia, as doenças respiratórias e as lesões de pele também ocupam lugar de destaque entre as enfermidades contraídas.
Com quanto tempo de antecedência da viagem deve-se procurar o médico?
O quanto antes se a data da sua viagem já está marcada. Se o seu roteiro inclui países onde há obrigatoriedade de vacinas ou cidades onde há pouca infraestrutura sanitária, não deixe de consultar um médico especialista antes de viajar. Além disso, determinadas práticas esportivas radicais em locais de difícil acesso também merecem atenção por parte do viajante, que deve estar com seu check up médico em dia. Um especialista poderá avaliar suas condições físicas e orientá-lo a tomar certos cuidados de acordo com suas características e necessidades.
Conselhos básicos:
Água para beber só a mineral, principalmente em países onde o tratamento da mesma é precário. Lembre-se que isso inclui não colocar gelo nas suas bebidas. Pastilhas purificadoras são fáceis de levar na mala em caso de ter que usar água não potável para a sua higiene bucal ou para lavar frutas, por exemplo. Procure comer alimentos bem cozidos e evite comidas de procedência duvidosa. Evite alimentos crus, e evite também maioneses e molhos no calor, mesmo que você esteja em restaurantes aparentemente higiênicos. Se você faz uso frequente de medicamentos leve sempre as receitas caso venha a precisar de algum deles (em alguns países não são vendidos sem receitas médicas). Informe-se corretamente sobre o clima e altitude das cidades a serem visitadas e mantenha sua temperatura corporal usando roupas térmicas apropriadas para o frio. Finalmente: faça sempre um seguro de viagem.
Mas, e a vacina contra a febre amarela?
Fundamental para quem vai viajar para áreas de risco, como a Amazônia, a vacina é a antiamarílica, na dose de 0,5 ml por via subcutânea, com aplicação de reforço a cada 10 anos. A aplicação não é recomendada para gestantes e portadores de imunodeficiência, inclusive portadores de HIV. Em São Paulo, por exemplo, recomenda-se que toda pessoa que entre ou saia do estado faça a vacina, embora a doença tenha maior incidência apenas na região amazônica. Além disso, o uso de repelentes, telas nas janelas e mosquiteiros é recomendado para quem viaja para estas regiões como forma de prevenção.
Clique aqui para ver os endereços dos Centros de Orientação para a Saúde do Viajante da ANVISA, onde você poderá tomar a vacina no Brasil. Antes de procurar um posto de saúde, vale a pena dar uma lida neste artigo publicado no blog Viaje na Viagem com dicas ótimas.
Fontes
"Medicina de Viagem: uma nova área de atuação para o especialista em Doenças Infecciosas e Parasitárias" in Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 36(4): 539-540, jul-ago, 2003.
Atualizado hoje.
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